A história de Simões Filho é de antes de 1500, ano do "descobrimento do Brasil". Dados arqueológicos contam que no século IX Indígenas da Tradição Aratu moravam na região que hoje encontra-se o Centro Industrial de Aratu. A tradição aratu é uma definição de 1966 dado pelo arqueólogo Valentin Calderón que através de escavações arqueológicas no sítio Guipe e no sítio da Viúva, localizados na região Parque Industrial de Aratu. Essas escavações arqueológicas achou vestígios de uma aldeia com grandes marcas circulares (habitações) e também foram reconhecidas enterramentos primários (urnas funerárias). Essas escavações indicou que grupos que predominou na região de Aratu trata-se de grupos de caçadores de pequenas faunas, sedentários, agricultores de grãos, que viviam em grandes aldeias circulares ou semicirculares. Esse grupo viveu nessa região entre os séculos IX ao XV d.C.
Imagem retirada do livro Patrimônio Cultural de Camaçari e Simões Filho. |
Conta-se que essa região era habitada pelos Tupinambás e que bem antes da colonização um grande quantidade de Tapuia habitavam essa região. O nome Cotegipe dessa localidade que hoje chama-se Simões Filho é um nome indígena que significa; Caminho das Cotias. Sabe-se que no período da colonização no ano de 1553 foi dada à Sebastião Álvares uma sesmaria que localizava-se a Frente da Ilha do Mar (atual Ilha de Maré). Sebastião Álvares e seu filho Sebastião de Farias lutaram com os indígenas que habitavam por mais de 30 anos e só depois disso, essas terras foram consideradas tranquilas para serem habitadas pelos portugueses.
Desta forma, Sebastião de Farias após o casamento com Beatriz Antunes de Faria filha do cristão-novo Heitor Antunes começara a construir o Engenho de Freguesia, em 1584, localizado nas terras do Matoim. Quando os cristão-novos vinha para América Portuguesa, esses escolhiam a Bahia e Pernambuco para ocuparem, desta forma, muitos vieram construir seus engenhos na região do Matoim. E assim, aqui chegaram e casaram seus filhos com filhos dos cristãos velhos. Sebastião de Faria será considerado um dos mais poderosos personagens do Brasil quinhentista. Após a morte de seu pai será senhor tanto dos Engenhos de Aratu como da Freguesia, desta forma suas terras iam do Rio dos Macacos até o Matoim. O Matoim ficará pertencendo a Água Comprida (Cotegipe) até o século XX quando decreto de Lei 502 tornará-o pertencente a Candeias.
Imagem do site do IPAC |
No século XVII o bisneto de Sebastião Álvares vende o Engenho do Matoim/ Freguesia para os Rocha Pita. O Engenho do Matoim será palco de denúncia e julgamento da Tribunal do Santo Ofício no século XVI tendo como principal acusada a sogra de Sebastião de Farias. Essa região ficará pertencendo a família dos Rocha Pita por anos. Personagem dessa família que ganharam destaques serão o Barão de Cotegipe e Wanderley Pinho.
Sobre os engenhos do Recôncavo Schwartz em Segredos Internos traz: “(...) Fica patente
que a maioria dos engenhos localizava-se no litoral da baía ou ao longo dos rios que nela desembocavam.
Aproximadamente metade dos engenhos ficavam na zona de Pirajá, Matoim, Paripe e
Cotegipe, região situada em uma raio de
alguns quilômetros ao norte de Salvador,
e que, em meados do século XVII, passaria a ser considerada área pertencente
àquela municipalidade. Os índios foram removidos dessas terras logo após a
fundação da cidade; fins do século XVI, essa era a parte do Recôncavo mais
densamente povoada. Entremeadas com os engenhos havia muitas plantações de frutas e vegetais de espécies europeias e americanas, e outras
dedicadas ao cultivo da cana-de-açúcar. As desembocaduras dos rios Pirajá e
Matoim também forneciam abrigo para os
navios e sustentavam intensa atividade pesqueira (...)”
Ilustração da Baía de Aratu Projeto Viagem por uma História Comprida |
Todos os Engenhos da região de Cotegipe ficava localizados no Recôncavo, pois apenas em 1973 que a Simões Filho antiga Água Comprida e antiga Cotegipe será considerada Região Metropolitana. Desta forma todos os livros que falam sobre o período colonial brasileiro que abordam os Engenhos do Recôncavo trazem alguma informação sobre a nossa cidade.
Sempre estaremos trazendo informações sobre Simões Filho nos tempos de Cotegipe e Água Comprida. Acompanhe nosso blog e fique sempre informado da História dessa cidade.
Ana Cláudia Lopes
Licenciada em História pela UFRB
Pós-graduanda em
Educação em Direitos Humanos pela UFBA
Referências
COSTA, Carlos Alberto Santos. Patrimônio Cultural de Camaçari e Simões
Filho: Resultados da Ba – 093/ Fabiana Comerlato. Jeanne Almeira Dias,
Leandro Max Peixoto e Carlos Alberto Santos Costa.- 1º ed.- Cruz das Almas/BA:
UFRB, 2015.
HORA, Antônio Apolinário da. História comprida/ Antônio Apolinário da
Hora.- Simões Filho: Secretária de Cultura e Desportos, 2005. 112 p.
Monumentos e Sítios do Recôncavo, I Parte. Salvador: Secretaria da Cultura e Turismo do Estado da Bahia, 1978.
PINHO, Wanderley. História
de um engenho do recôncavo: Matoim, Novo, Caboto, Freguesia, 1552-1914.
Rio de Janeiro: Z. Valverde, 1946.
368 p.
SCHWARTZ, Stuart B. Segredos
internos: engenhos e escravos na sociedade colonial, 1550-1835/ Stuart B
Schwartz; tradução Laura Teixeira Motta.- São Paulo: Companhia das Letras,
1988.
VARZEA, Affonso. Geografia do
açúcar no Leste do Brasil. Rio de Janeiro: Gráfica Rio-Arte, 1943. 428 p.
Parabéns Cláudia por compartilhar conhecimento, essa é nossa história.
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